Ortografia Oficial
Acentos
O uso dos acentos é um dos itens de ortografia oficial mais frequentes em concursos públicos. Para acabar com todas as dúvidas de quando usar, ou não, os acentos, fique atento às nossas dicas.
Em síntese, a acentuação tem como finalidade mudar o som de alguma letra, portanto, fazendo com que palavras escritas de forma semelhante sejam lidas de um jeito diferente e tenham significados diferentes.
Na Língua Portuguesa há quatro acentos gráficos, que podem ser definidos da seguinte forma.
Acento agudo (´) – é usado em vogais para indicar que a sílaba em que ela se encontra é tônica, ou seja, possui o som mais forte. O acento agudo faz com que as palavras sejam pronunciadas de forma aberta: célebre, acarajé, filé.
Acento circunflexo (^) – pode ser usado apenas nas vogais, A, E e O, indicando que elas devem ser pronunciadas de forma fechada: ângulo, ônus, ônibus, bônus.
Til (~) – é ele que dá o som anasalado às vogais A e O: propõem, constituição, preposição, ação.
Acento grave (`) – é usado para indicar a ocorrência de crase, assunto que será aprofundado em um tópico seguinte.
X e CH
Na hora de escrever, uma das dúvidas mais recorrentes diz respeito ao uso do X e do CH. Ainda mais porque, além de conhecer as regras, é necessário conhecer também as exceções.
Para fixar o uso correto de cada uma das situações a seguir, o ideal é ter uma boa rotina de leitura para assimilar a grafia correta das palavras. Vamos aos usos?
Uso do X e CH nas palavras provenientes do latim:
CH: quando são traduzidas do latim para o português, as sequências “pl” “fl” e “cl” transformam-se em CH.
Exemplos:
planus – chão
flamma – chama
clamare – chamar
X: palavras originárias do X latino ou quando há palatização do S em grupos ssi ou sce:
Exemplos:
examen – exame
luxu – luxo
laxare – deibar
pisce – peixe
passione – paixão
Casos em que o CH é utilizado:
- Em palavras de origem francesa (chofer (chauffeur), creche (crèche), debochar (débaucher), fetiche (fétiche), guichê (guichet) e champignon (champignon))
Casos em que o X é utilizado:
- Depois de ditongos (peixe, ameixa e caixa)
Algumas exceções são as palavras guache, recauchutar e caucho.
- Em palavras iniciadas pela sílaba “en”: enxada, enxerto e enxurrada;
Neste caso há duas exceções. A primeira diz respeito à palavra enchova, que é um regionalismo da palavra anchova, que tem origem genovesa: anciua.
A segunda exceção são as palavras formadas pela sílaba inicial “en”, seguidas por radical com “ch”. Alguns exemplos são: enchente, enchumaçar e encharcar.
- Em palavras iniciadas pela sílaba: “me” (mexilhão, México e mexer)
Aqui, a exceção é a palavra mecha (referindo-se aos cabelos) cuja origem é francesa, da palavra mèche. Algumas vezes a confusão pode ser ocasionada por conta da palavra mexe (do verbo mexer) que é grafada com x.
- Em palavras de origem tupi (capixaba, caxumba, xaxim, queixada, Pataxó, abacaxi, araxá e Xingu)
Um das exceções é a palavra que nomeia a cidade catarinense de Chapecó, que é uma derivação do tupi Xapeco e quer dizer, da donde se avista o caminho da roça.
- Em palavras de origem africana (afoxé, axé, xingar, xangô, maxixe, orixá, borocoxô, xodó e fuxico)
Algumas exceções são as palavras cachaça, chilique, e cachimbo.
- Em palavras de origem árabe (almoxarifado, elixir, haxixe, xarope, xadrez, xeque e enxaqueca)
As exceções são as palavras alcachofra e chafariz.
S ou Z
Na hora de escrever, outra confusão frequente está relacionada ao uso do S e do Z. Conheça algumas regrinhas que podem auxiliar:
Casos em que o S é utilizado:
- Em palavras que derivam de uma primitiva grafada com s (casa – casinha, casarão, análise – analisar e pesquisa – pesquisar)
Como exceção podemos citar: catequese – catequizar.
- Após ditongo quando houver o som de z (coisa e maisena)
- Nos sufixos “ês”, “esa”, “esia” e “isia”, quando indicarem nacionalidade, título ou origem (burguesia, portuguesa, poetisa e camponês)
A exceção é a palavra juíza, que deriva do masculino, juiz.
- Na conjugação dos verbos pôr e querer (ele pôs, ele quis, e nós quisemos)
- Nos sufixos gregos “ase”, “ese”, “ise” e “ose” (crise, tese, frase e osmose)
As exceções são as palavras deslize e gaze.
- Em palavras terminadas em “oso” e “osa” (gostosa e populoso)
Casos em que o Z é utilizado:
- Palavras terminadas em ez e eza serão escritas com z quando se tratarem de substantivos abstratos provenientes de adjetivos, portanto, indicando uma qualidade (certeza, nobreza, maciez e sensatez)
- Utiliza-se o z nas palavras derivadas com os sufixos “zinho” “zito” “zada” “zarrão”, “zorra”, “zudo”, “zeiro”, “zal” e “zona” (cafezal, homenzarrão, papelzinho e açaizeiro)
As exceções ocorrem quando o radical da palavra de origem possui o s: casa – casinha, asa – asinha e Teresa – Teresinha.
- Quando a derivação resultam em verbos terminados com o som de “izar” (economizar e aterrorizar)
Da mesma forma, há exceção quando o radical da palavra de origem possui o s: analisar e improvisar.
C, Ç, S e SS
Outra parte, ainda mais confusa, são as possibilidades de uso do c, ç, s e ss. Entretanto, as regrinhas são muito simples e fáceis de serem entendidas.
- O C tem valor de S com as vogais E e I. Antes de A, O ou U, utiliza-se o Ç (ocioso, acetato, açúcar e aço)
- Depois de consoante, utiliza-se S. Entre vogais, o correto é usar SS (concurso e pessoa)
- O S é utilizado em palavras que derivam de verbos terminados em “correr” “pelir” e “ergir” (compelir – compulsório, discorrer – discurso e imergir – imersão)
- Os verbos terminados em “dar” “der” “dir” “ter” “tir” e “mir” recebem o S quando perdem as letras D, T e M em suas derivações (redimir – remissão – remisso, expandir – expansão – expansível e iludir – ilusão – ilusório)
- Verbos não terminados em “dar” “der” “dir”, “ter” “tir” e “mir” recebem Ç quando mudam o radical (excetuar – exceção e proteger – proteção)
- Verbos que mantêm o radical recebem Ç em suas derivações (fundir – fundição e reter – retenção)
- Utiliza-se C ou Ç após o ditongo quando houver som de S (traição e coice)
- Utiliza-se C ou Ç nos sufixos “aça”, “aço”, “ação”, “çar”, “ecer’, “iça”, “iço”, “nça”, “uça”, “uço” (esperar – esperança, dente – dentuço, rico – ricaço e merece – merecer)
- Em palavras de origem árabe (açude, alface, alvoroço, celeste, cetim, açoite, açafrão)
Algumas exceções são arsenal, safra, salada e carmesim.
- Em palavras de origem tupi (camaçari, açaí, cacique, piaçava, paçoca, Iguaçu e cupuaçu)
- Em palavras de origem africana (caçula, cachaça, miçanga, lambança, cangaço e jagunço)
G e J
Em relação ao uso do G e J é seguida a mesma tendência. Além de ter várias regras, há, ainda, diversas exceções. Confira quais são as principais e nunca mais erre a grafia dessas palavras.
- Nas palavras originárias do latim e do grego, normalmente, o G da Língua Portuguesa é equivalente.
Latim
gestu – gesto
gelu – gelo
agitare – agitar
Grego
gymnastics – ginástica
hégemonikós – hegemônico
Em relação ao J, ele não existe nem no latim e nem no grego clássico. Portanto, ele ocorre quando há consonantização do I semiconsoante latino ou palatalização do S + I, ou do grupo DI + Vogal.
Casos em que o G é utilizado:
- Quando a palavra é derivada de outras palavra grifada com G (faringite – faringe e selvageria – selvagem)
Algumas exceções são coragem – corajoso e viagem – viajar.
- Quando as palavras terminam nos sufixos “ágio”, “égio”, “ígio”, “ógio” e “úgio” (refúgio, prestígio e sacrilégio)
- Utiliza-se G quando os substantivos são terminados em “gem” (sondagem, viagem e passagem)
Exemplos de exceção são as palavras pajem e lambujem.
- Quando os verbos são terminados em “ger” e “gir” (eleger e rugir)
- Depois de R (divergir e submergir)
Casos em que o J é utilizado:
- Nas palavras derivadas de outras que são grafadas com J (lojista – loja, gorjeta – gorja).
- Nos verbos terminados em “jar” (arranjar, encorajar, enferrujar)
- Palavras de origem árabe (azulejo, berinjela, jaleco, jarra, laranja)
Algumas exceções são giz, girafa e álgebra.
- Em palavras de origem tupi (jururu, maracujá, jerimum, marajó, jibóia)
Sergipe é uma exceção.
- Palavras que possuem origem africana (jabá, Iemanjá, acarajé, jiló, Jurema)
Mal e mau
É uma das dúvidas mais frequentes, que as duas palavras são muito parecidas. E aí, na hora de escrever, o correto é mau ou mal? Vamos aos esclarecimentos?
Neste caso é um dica que é praticamente infalível. Na hora da dúvida, basta colocá-la em prática.
A palavra mal é oposto de bem, enquanto a palavra mau é oposto de bom. Basta fazer a substituição para perceber se o uso é correto, ou não.
Vale lembrar, ainda, que quando estiver acompanhado de artigo ou pronome, mal será um substantivo.
- Exemplo: Sofro desse mal desde os dez anos de idade.
Porém, quando modificar um verbo ou adjetivo, mal será um advérbio.
- Exemplo: Chegou em casa e mal olhou para o marido.
Na direção contrária, a palavra mau sempre é usada como um adjetivo.
- Exemplo: Os maus exemplos não devem ser seguidos.
Uso dos porquês
Essa questão tira o sono de muitos concurseiros, e não é para menos. Há quatro categorias distintas e cada uma delas com um uso. Entretanto, depois de entender com elas funcionam, o uso dos porquês se tornará muito mais simples.
Porque (junto e sem acento) – é usado basicamente em respostas e explicações, indicando a causa ou explicação de algo. Pode ser substituído por: pois, uma vez que, dado que, visto que, etc.
- Exemplo: Não vou ao shopping porque estou me sentindo mal.
Por que (separado e sem acento) – é usado para fazer perguntas ou para fazer relação com um termo anterior da oração. Confira algumas formas de substituí-lo: por qual razão e por qual motivo.
- Exemplo: Por que você não cumpriu o acordo de venda?
Por quê (separado e com acento) – é usado no final de frases interrogativas, podendo ser seguido tanto por ponto de interrogação, quanto por ponto final.
- Exemplos: Minha irmã foi embora sem que eu soubesse o por quê.
Você deixou o caderno em casa por quê?
Porquê (junto e com acento) – é usado para indicar o motivo, razão ou causa de alguma coisa. Sempre aparece acompanhado de artigos definidos ou indefinidos, mas pode aparecer, ainda, acompanhado de numeral ou pronome.
- Exemplo: Gostaria de saber os porquês de eu não ter sido convidada para a festa do condomínio.
Resumindo:
Porque – Usado em respostas.
Por que – Usado no início de uma questão.
Por quê – Usado no fim de perguntas.
Porquê – Usado como substantivo.
Crase
Em Língua Portuguesa poucas coisas são tão temidas, e erradas, quanto a crase. Isso porque seu uso é normatizado por uma série de regras, que facilmente podem causar confusão nos concurseiros.
Além de tudo, é um assunto extremamente cobrado em provas. Sendo assim, é muito importante estar com todas as normas na ponta da língua. Vamos lá?
- Nas situações a seguir, NÃO há uso de crase:
Antes de substantivos masculinos: Prefiro andar a pé.
Antes de verbos: O engenheiro está começando a planejar meu banheiro.
Antes de grande parte dos pronomes: Desejamos a todos boas festas.
Entretanto, há algumas exceções, como na frase: Esta é a notícia à qual me referi.
Em expressões com palavras repetidas, ainda que elas sejam femininas: Fiquei face a face com meu ex-marido.
Antes de palavras femininas no plural e antecedidas pela preposição a: As bolsas de estudo foram dadas a alunas goianas.
Entretanto, se os substantivos femininos forem especificados por meio do uso do artigo definido “as”, há uso de crase em função da contração do artigo com a preposição a , portanto a + a = às: As bolsas de estudos foram concedidas às alunas goianas.
Antes de numeral, com exceção das horas: O shopping fica a três quilômetros daqui.
- Há uso de crase nas condições a seguir:
Antes de palavras femininas, em construções de frases com substantivos e adjetivos que pedem a preposição a, e ainda, com verbos cuja regência é feita com a preposição a, indicando a quem algo se refere. Alguns exemplos são pedir a e agradecer a: Minha irmã nunca está atenta à aula.
Em várias expressões adverbiais, locuções conjuntivas e prepositivas: à noite, à exceção de, à semelhança de, à deriva, às avessas, às vezes, à toa, à parte, etc.
Pode ocorrer crase antes de um substantivo masculino se houver uma palavra feminina subentendida na frase. Um bom exemplo são as locuções à moda de e à maneira de.
Antes da indicação exata e determinada de horas: Preciso acordar todos os dias às cinco da manhã.
Vale lembrar que em caso de uso das preposições para, entre, desde e após, não ocorre o uso da crase: O salão só abre após as duas da tarde.
Em várias expressões de modo ou circunstância, como fator de transmissão de clareza na leitura: Estudei a distância – Estudei à distância.
Nos casos a seguir, o uso da crase é facultativo.
- Antes de pronomes possessivos;
- Antes de nomes próprios femininos;
- Antes da preposição até antecedendo substantivos femininos.
Casos específicos:
- Antes de nomes de localidades;
- Antes da palavra terra;
- Antes da palavra casa;
Palavras homônimas e parônimas
Essas palavras são importantes em concursos públicos pelo fato de aparecerem muito em questões que são “pegadinhas”. Sendo assim, fique atento a elas e evite perder pontos em perguntas simples. Confira as definições.
Palavras homônimas – são aquelas palavras que possuem exatamente a mesma pronúncia mas que têm significados e escritas diferentes.
cerrar (fechar) – serrar (cortar)
laço (nó) – lasso (gasto, cansado)
cheque (ordem de pagamento) – xeque (jogada de xadrez)
Palavras parônimas – tanto a pronúncia, quanto a escrita são parecidos. Contudo, o significado é diferente.
comprimento (extensão) – cumprimento (saudação)
emergir (vir à tona) – imergir (mergulhar)
tráfego (trânsito) – tráfico (comércio ilícito)
Novo acordo ortográfico
Apesar de datar de 1990, somente a partir de 2016 é que o tema começou a tirar o sono dos concurseiros. O novo acordo ortográfico está em vigor desde 2009, porém, foi em 2016 que o uso das novas regras tornou-se obrigatório. Confira quais foram as principais alterações.
- Mudança no alfabeto
Acréscimo das letras K, W e Y. Agora, oficialmente, o alfabeto brasileiro conta com 26 letras. Na prática, essas letras são usadas em nomes próprios e nas abreviaturas de símbolos internacionais, tais como km (quilômetro) e kg (quilograma).
- Trema
Uma das principais mudanças do novo acordo ortográfico foi a queda do uso do trema. Agora, seu uso ocorre apenas em nomes próprios estrangeiros e derivados, a exemplo de Müler.
- Acentuação
– Fim da acentuação dos ditongos abertos “ei” e “oi” das palavras paroxítonas, ou seja, aquelas que possuem acento tônico na penúltima sílaba.
Exemplos: jóia – joia, idéia – ideia e assembléia – assembleia.
– Fim da acentuação para os ditongos oo e ee nas palavras paroxítonas.
Exemplos: veêm – veem, voô – voo e enjoô – enjoo.
– Abolição do acento agudo nas vogais i e u quando aparecem depois de ditongo.
Exemplo: feiúra – feiura.
– O acento diferencial foi abolido de diversas palavras, que agora devem ser analisadas dentro do contexto da oração.
Exemplos: pára – para, pêlo – pelo e pêra – pera.
O acento diferencial foi mantido em alguns casos, como por exemplo tem/têm e pode/pôde.
- Hífen
As regras de hifenização sofreram diversas alterações por conta do novo acordo ortográfico. Conheça os principais casos.
Não há uso de hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as letras r ou s, que neste caso, serão duplicadas.
Exemplo: auto-retrato – autorretrato.
Vale lembrar que o hífen será mantido na ligação dos prefixos hiper, super e inter com elementos iniciados por r.
Exemplos: inter-regional e super-resistente.
O hífen é usado quando o prefixo termina com a mesma vogal que começa o segundo elemento.
Exemplo: antiinflamatório – anti-inflamatório.
Ao contrário, não se usa hífen quando quando o prefixo termina em vogal diferente da que começa o segundo elemento.
Exemplo: auto-estima – autoestima.
Ainda que o segundo elemento se inicie com a vogal “o”, não se usa hífen em palavras prefixadas por co.
Exemplo: cooperar.
Não há uso de hífen em palavras composta que, através do uso, formam uma unidade.
Exemplo: manda-chuva – mandachuva.
Fontes:
https://editalconcursosbrasil.com.br/blog/ortografia-oficial/
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